Sonetos : 

errância

 
Oh inefável substância,
da angústia vil matéria
- que abundante degluto,
ficando-me a sede, que não mato.

Oh incansável errância,
imperturbável fêmea:
quanto de ti me sustenta
no caminho e na tormenta...

Ah, trevas do meu porto,
meu triste olhar absorto:
quão mal tendes por falar.

Estranha sina, pouca sorte,
- que não se oriente e conforte,
fosse eu a vida suportar!



José Jorge Frade

 
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