A claridade suspende o olhar até o mais alto ponto no tempo do mundo.
Sobre os telhados que se avista do quintal, vê-se um imenso mar ocre.
E mais além do que a vista alcança, no azul desbotado do horizonte, vê-se tudo, nitidamente.
São nos limites das coisas que se enxerga mais e melhor.
São nos limites das coisas que se diz menos e melhor.
Na fala do silêncio, forma de imagens em palíndromos.
Avessos profundos e íntimos.
Assim, dizem com versos,
dizem com pressa,
dizem com amor,
dizem com flores,
dizem de promessas,
dizem arrepios,
dizem verbos,
dizem de horas,
dizem de pássaros,
dizem vapores,
dizem reticências,
dizem sempre,
dizem... ao menos.
E onde se ouve estes dizeres, em cada dia só seu, nos doze meses de cada ano íntimo, cada um do seu jeito e traduzidos de todas as formas, o tempo não maltrata, nem prega uma peça. Assim, vê-se que esta superfície é translúcida como as gotas do orvalho e ao mesmo tempo "espelhada", onde as borboletas matam a sede olhando para si mesmas.
o mais importante não se conta, se constrói com o não dito, com o subentendido, a alusão”. (Piglia)[/color][/color]