O Planeta Azul
Eu hoje vi a terra, mas vi-a claramente vista, como diria o poeta. Surpreendeu-me. É que desde sempre e até hoje eu imaginava-a um rectangulo sem medidas, salpicado de montes e vales, atravessada por rios e alguns mares, e que acabava lá muito longe num precipicio que não sei aonde levava . A Terra seria para mim, acho eu uma espécie de centro do universo, com fundações que a minha imaginação nem ousava desbravar. Só neste dia que é hoje, ante o écran da televisão verifico, para surpresa e gáudio meu que esta Terra aonde eu e todos nós moramos é coisa bem diferente e bem mais empolgante. Pasmei ao ver aquela esfera imensa, dividida em mil e um pedaços desiguais, mas empregnada de vida, uma desconcertante vida que a fazia girar lentamente sobre sí mesma e, ao mesmo tempo, seguir uma rota que, pelo que me segredaram, vai durar 365 dias. Esta Terra que eu vi hoje e que me deixou mesmo num pasmo, está a esta hora no lusco fusco, talvez uma média luz, deixando-me distinguir areas iluminadas de outras já mergulhadas na escuridão. Não tardou que, na noita escura, me fosse facultado distinguir as regiões ricas das pobres, ou menos ricas, justamente em função da luminusidade; mas esta, obra do homem e não do sol, que todos os dias, sem uma falha sequer, a visita. A visão que hoje me foi dada da Terra, num flagrante contraste com a imagem que construí em criança , acordou em mim sentimentos estranhos mas gratificantes. Fez-me sentir que sou um dos primatas inteligentes (decerto relativamente inteligente) que fazem parte da sua tripulação. Fico a perguntar-me que vontade quis afinal que eu fosse um dos escolhidos para a integrar. É certo e urge que o diga que é nela que acontece tudo o que é importante para mim: É o amor,é a amizade, o deslumbramento, mas é também a dor o sofrimento nas suas incontáveis cambiantes. Afinal uma aventura que faz a minha história. O que hoje vi e sentir como estou a sentir, acorda em mim compensadoras e reconfortantes vibrações.