Desenho-te a lápis, o lado concreto
Pinto azul céu e vermelho d’inferno
Sei que querias, que queres o discreto
Desenho-te as cores, e faço-te eterno
Pinto-te em pingas de tinta que sinto
Sangue que estanque a cor que preciso
Rubro de raiva que rói o que pinto
Fazes-me a falta que faz o teu riso
Vivo, morro, e a obra persiste
Mas falta-me a tinta que a falta secou
Quando por mim falta a tinta que existe
Podes pegar nesse pouco que tenho
Molhar com a lágrima do que acabou
Se é p’ra acabar esse eterno desenho.
Emanuel Madalena