Vista
Mote I:
[Soltas IX
A melhor vista é para lado nenhum.]
De Norte a Sul
Do gelo ao fogo
A melhor vista é para lado nenhum
Porque hei-de eu enfeitar a moldura
Da minha vista: a minha janela
Para o mundo?
Se num momento quero arrancar
As minhas pálpebras para que
Não possam mais toldar-me a luz,
No segundo seguinte reclamo-as
De volta para as cerrar
E não ver mais.
Sabes, a melhor vista é para
Lado nenhum!
Então para quê ver?
Se nunca gosto do que vejo.
Mote II:
[Soltas II
É da Lua que hoje está compulsiva
Ou dos cigarros que não fumei?]
Sabes, consigo escrever
De olhos fechados.
Consigo falar
De boca cerrada.
Não me roubes os astros, nem
os cigarros.
Talvez esteja simplesmente
compulsiva.
14/05/2007