Carrego em mim um amor ardente
Onde a distancia e a saudade convocaram
Amontoadas dores que nas feridas sobraram,
Para dizer que estás a mim indiferente.
Contudo, tenho ainda tão presente
As memórias que por mim passaram,
Nulas de alegrias, nada me ensinaram
A viver numa tristeza mais contente.
Indecifrável o crivar dos desenganos;
O acumular de erros, como maior castigo
Nas mal fundamentadas esperanças.
Fui vivendo assim de enganos!
Destino indefeso, sem qualquer postigo
Nesse génio de indiferença que me lanças!
Paulo Alves