Quero um amor que me faça tremer as pernas
Só de imaginar seu rosto me faça molhar os olhos
Se paro, se penso, o coração pula só, forte e só seu
Abraçar esse amor é sentir prazer inteiro na alma e no corpo
Quero um amor que me faça sentir calor no inverno
Que me faça perdido em seu corpo e encontrado do amor
Órfão de outras e primeiro e único seu, sem o medo da partilha
Assim gostoso como canto de cama do amor antigo, sempre novo
Quero um amor único como “um” para quem não sabe contar
Como um “esse” quando vai dar mais de um, nunca mais de dois
Dividir seu amor com filhos gêmeos, como eclipse, sol e lua
Sou sempre dividendo e divisor sem quociente e consciente
Quero um amor que sempre multiplicado por mim dê em si
E se divido por dois, acabem rolando por dois rios em um só
E se eleito, abandone no leito o voto, o povo e fique comigo
Não há distância perto, não há amor seguro, se separados
Quero um amor certo como o sol amanhã, mesmo com nuvens
Nuvens são ultrapassáveis como sua pele e seu corpo, sua boca
Dentro delas não posso morar, só passar e encontrar você
Abraçar e me desvirginar e namorar você e morar com você
Quero um amor uma única vez, como o raiar de todos os dias
Certo como o fim das tardes, todas as tardes e que não se cansam
Quero um amor certo como a dor de extrair dente sem anestesia
Quero um amor certo como a dor do primeiro e de todos os partos
José Veríssimo