São tantos caminhos
E todas as portas fechadas
encontrou tanto rosto virado
e um sol de brilho gigante
p'ra marcar seu chão
e queimar seus passos
e um povo cantante
de pés parados e queimados
morrendo herói, constante
São tantos os mágicos
formando muros fortes
pelo próprio peito
nessa longa avenida
do lado de cá
por todos aqueles dias
que não tiveram manhãs
por todos aqueles filhos
que morreram no ventre
Tudo são todos querendo
nada é coisa simples
de terreiro p'ra cantar
p'ra chorar seu filho verde
num amor-perfeito-amarelado
fingindo defeito branco, tonto
só p'ra ter o que chorar
Tentando ver, que sabe,
talvez, os olhos dos pés
furados, sentados,
fechar os caminhos e ninhos
abrir todas as portas postas
deste povo mágico morto.
José Veríssimo