O TORNO ENTORNO/NO JARDIM DE SOFIA (zocha)
Direito e avesso
lume que evapora dos teus olhos
essa linha divisória nunca divide
O torno entorno da massa
me argila
Sou a eflúvea entrega da fiação
que te escreve nos vitrais da meação
a própria sílaba calcinada
no ritual de lava-pés sempre inacabado
Sou o teu lado nunca exposto
o beijo oculto que te respira
frente e verso em tua folha de rosto
sangue misturado
de ermidas longínquas
de coiotes silvados de cerrados capões
de trevas famintas de gargantas alquebradas
meu sangue verte-te ponto sideral
nestes cabelos de milho outrora verdes
em nuanças de trigais maturados
espigas debulham grãos calcinam
em pedras lavradas sulcadas pelas tuas águas
que te lava o corpo meu corpo entalhado no teu
vértice das mesmas horas cocção do mesmo breu
entre os anéis dos meus cabelos em filigranas dores anelos caligramam partículas
páginas dos teus!