Quem me diz
que estou por aqui
aperreado e dorido
destas grilhetas
com que a vida me prende
aos dias repetidos?
Quem me tenta a voar
e despedaçar-me
contra este sol
que me encadeia?
Quem me escorraça
desta cidade onde me
planto
e crio raízes que procuram
longe
a água que preciso?
Quem me afaga o pescoço,
e me beija,
e me diz as palavras
que se perdem
em cada véspera,
na desculpa de um amanhã
igual?
Quem me prende
a esta vida,
e me sacode a morte dos ombros,
e me ensina a carregar
as folhas acastanhadas
que o Outono
não escreve?
Quem me dá o descanso
que não seja eterno?
Quem me traz ao nascer-do-sol
a simples alegria
de uma centelha
que nasce e renasce
bem fundo em mim?
Quem me dá sem eu pagar
e me recebe
sem procurar
o quanto deve?
Quem?


Jorge

 
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JB
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/05/2007 14:52  Atualizado: 14/05/2007 14:52
 Re: Quem
Não se sabe a quem entregas o teu poema...
Esse a quem, pode ser até de todo subjectivo à imagem de uma pessoa ou objecto.
Mas gostei do poema.


Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 14/05/2007 15:57  Atualizado: 14/05/2007 15:57
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
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Mensagens: 4098
 Re: Quem
Quem, meu amigo? A vida! A própria vida pode-te dar tudo isso e mais ainda, porque tu mereces tudo!
Adorei o teu poema!

Beijo grande