Rosalina se tornou amarga
Quatro bois, duas cangas
Uma carga
Um feitiço, um ebó
Uma praga
A moléstia, a morbidez
Após cada estribilho
Uma cilada
Uma sílaba
Proferida a cada vez
Nada de um filho
O sangue escorrendo ao fim do mês
Cólicas, brigas, depressões
Nenhuma gravidez
Uma dose de aguardente
Duas doses de insensatez
Do marido que a amava
Deus não quer seu bem
Pensa ela assim
Atormentada Rosalina
Lamenta sua sina
Se segura pela crina
E cavalga incessante
Sua montaria
Está por um barbante
O cavalo feroz
E galopante
É uma linha cortante
Segue seu caminho
Sem nenhum amor
Sem qualquer carinho
Do marido ou do amante
Nem por um instante
Que não muda o seu dia-a-dia.
JOEL DE SÁ
20/03/2009.