Por suas estradas o corpo é uma dor livre
E o vento é um coração macio que fere
A esperança que vem de longe andando
Preparada na vida de uma canção humana
É nossa mãe vadia, é nosso pai estranho
A esperança que vem de longe andando
Pois, acreditar nas promessas de um sol distante
É matar a noite que envolve a essa morte
É renascer e esperar cegar a esperança
E dormir no colo da gota de sangue
É nossa mãe vadia, é nosso pai estranho
A esperança que vem de longe andando
São portas de medo todo peito calado
Nódoa morta nascida na mente sofrida
Corda apertada e um nó sem saída
E nessa hora você chora sem ninguém
Uma esquina, uma quina e um corte de vidro
O pára-brisa quebrado, o estilhaço é a morte
Mas o coração é um escravo gritando
Sua mão é a criança viva, calada
Retalhando os velhos trilhos da serra
E na tormenta da terra desce prá guerra
Mas quem sente a distância tem longe os pontos
Faz dessa estrada o espaço apertado
E que atravessa muitos peitos em versos
E acaba perdido em notas no vento
Com a parede velha que cerca o tempo
É nossa mãe vadia, é nosso pai estranho
A esperança que vem de longe andando
José Veríssimo