Entre as tuas mãos,
eu sereno.
Entre os teus abraços,
eu sossego a força que me devora.
Entre os teus beijos,
sinto como é bom estar viva.
Entre os teus desejos,
ganho o gosto de levar para o futuro
qualquer projecto.
Pelos teus afectos,
eu me entrego inteira.
Somente na companhia do teu ser,
o meu ser fica mais completo.
Apenas das tuas carícias,
eu me consinto ficar cativa,
enquanto a vida lá fora,
me instiga,
e me alicia à descoberta.
Com as tuas vontades,
eu faço o que quero.
É ao sabor do teu tempo,
que eu faço do meu tempo teu prisioneiro.
Mas sou eu quem o impulsiona,
quem o leva à dianteira,
sempre que assim o desejo,
pois, tu não me obrigas a correr,
nem o nosso quotidiano me aniquila.
A tua temporalidade não me castiga,
como se tivesse que cumprir forçosamente,
como um imperativo,
a pena que ela me decreta.
Os teus ideais,
os teus valores,
são também meus.
É sim, Amor, deveras,
que nas tuas mãos,
eu liberto os dias deste degredo,
da contagem célere que nos trespassa,
que nos aniquila a dimensão da eternidade.
Só assim, em suma, eu ganho asas de verdade,
e faço frente ao destino.
Por que não faria um hino ao teu amor?
Beatriz Barroso