Nascendo detrás da montanha,
juntamente com seus irmãos e
irmãs, cedo a deixou para trás,
para vir morar para a bela aldeia.
Aí fez seu lar, indo logo trabalhar
para uma grande fábrica de vidro.
E por quarenta anos, esse foi pois
o seu dia-a-dia, até vir o descanso.
Meu avô, que dele muito gostava,
tudo fez para que minha mãe com
meu pai noivasse. Porém veio o dia
e o serviço militar teve de cumprir.
Em tempos de ditadura e colónias,
dois anos serviu sua pátria, e logo,
rumando à Guiné, outros dois teve
de se sujeitar, e por cartas noivava.
Regressado a casa e à nova aldeia,
o namoro tornou-se deveras forte,
não deixando para trás seu trabalho,
para contentamento, de meu avô.
Já casados, pela vila foram ficando,
de casa comprada. Onde eu viria a
nascer, para alegria, de pai e mãe,
que não cabiam, de tão contentes.
Sempre que vinha de viagem o pai,
um brinquedo escondia até que eu
estimulado pela curiosidade pedia
que me desse, e já eu brincava feliz.
Até que chegou o dia, em que nova
casa, fizemos nosso lar, num bairro
pertença da fábrica, onde, pai, fazia
anos trabalhava, desde muito cedo.
Assim, ao meu pai, reconheço, anos
e anos de labor intenso, onde nunca
nada nos deixou faltar. Aceita então,
meu pai, este poema que te recorda.
Jorge Humberto
17/03/09