Ó buritizeiros que balançam impassíveis no meio dessas águas!
Que vão com as folhas esvoaçando no vento das saudades!
Levem de mim as lembranças nas desventuras dessas mágoas,
Que muito me atormentam o pensamento nessas tardes!
As nuvens que avançam tonitruantes em céus cinza-violáceos,
Vão-se trovejando suas angústias nos relâmpagos mais azuis!
E os trovões que abafam os gritos que me saltam pelos lábios,
Vão-se definhados no azul da solidão que me serve de capuz!
Ó palmeiras!...Que vão cercadas como ilhas no meio desse rio!
Onde estão meus sonhos que outrora por aqui passaram?!
Digam-me, em quais ribanceiras desses igarapés eles ficaram?!
E nada respondem!...E dos sonhos ninguém sabe, ninguém viu!
Ó vento!...Que vai balançando as copas desses buritizeiros,
Conduz por sob as mágoas, os meus sonhos mais verdadeiros...
(® tanatus - 18/03/2009)
* palmeira muito comum nos campos alagados da região Amazônica...