Dilacero a parvoíce dos dias santos
sem interferir no teu interior
com arremesso de mãos em vómitos
de assustar, o vazio meio dependente
de passos de silêncio, inconstantes
frios, arrepiados, melancólicos
porque já não sabem
o caminho de casa sem suspirar
entre dentes, o sono incompleto,
prisão do olhar que retém A luz
que acendes para ver as
malas feitas por acaso
ao iniciar viagens
que acabam ao anoitecer
nas salas com chão de pedra
e sulcos fininhos
onde não cabe uma mão
imaginária.
As folhas das árvores quentes
no meio da serra, os licores
temperados por fios de sal
colocados a preceito numa
demorada fila de cristais
devidamente ordenados
por peso, tamanho e cor
sobre a areia iluminada
para nada, desnecessária.
Corpos nus, arrepios
a escorrer pela pele
atraídos pela gravidade
seguidos pelo olhar
colorido, formando
imagens para guardar
em molduras de prata
derretida gota a gota
com reflexos retirados
do oceano enquanto amacia a Lua
sem saber como se faz
nas noites que acabam
antes de chegar a Primavera.
Por isso não parto sem
me esquecer do frio exangue
mal oxigenado de
provar a vida. Pássaro
sem ter onde pousar
que faz voos rasantes
para imitar o sopro
da vida dentro da imaginação.
Reflexos
Claude Debussy