Perdi as palavras
que te coloquei debaixo
da pele arrepiada
pelo poema feito
de música
para ser lido,
sentido,
absorvido,
numa tarde lenta
de inverno
rente ao ouvido
onde não conténs
a imaginação.
li e reli
o percurso do gelo
convertido
em gotas pelo calor
das tuas costas
perfumadas
pelo pôr do sol
nas praias do oeste
onde imaginas
o amor cantado
no teu corpo
longe do meu.
A minha
língua segue
o rasto das gotas,
percurso
que o frio marca
arrepiante
por entre as tuas
curvas desenhadas
a alta velocidade
em tempestades
à beira do precipício.
Delicia-te nos movimentos
que o teu corpo
conseguir arrancar ao meu,
provocado
cativado
incomodado
pelo trajecto do gelo
no teu peito.
(Se fugires, foge devagar, não esqueças...)
Reflexos