Escritos de banheiro

Olhe, se este palavrões fossem escritos em banheiros de rodoviárias, eu daria um desconto, mas sendo escrito num banheiro de universidade é de doer. Por isso é que se diz que há muitos diplomados analfabetos da moral, da ética e da política. Isso é mais uma comprovação.

Abraços:

Mas há os não-seguidores.... que discordam ou que não dão à mínima. Ainda bem!... ou NÃO!

matéria interessante Maria. discutível tratando-se de via de comunicação.
um beijo e afeto.
Silveira

UNICAMP - ANÁLISE DO DISCURSO DOS ESCRITOS DE BANHEIRO NA UNIVERSIDADE

.....................Fernanda Salomão Vilar
.....................Pedro Henrique Cavano Pereira
.....................Tiago Elídio da Silva

CONCLUSÃO

O banheiro é um lugar dedicado ao corpo, em sua mais natural condição. Através da produção de grafitos, serve à comunicação humana como um canal de expressão escrita disponível a todos, um meio ao monopólio dos superveículos massificadores. Sem limite de censura externa e acessível a todos, torna-se um palco discreto de confidências. (Barbosa, 1984) E é justamente isso o que foi visto nos banheiros analisados em nossa pesquisa. Nos banheiros dos Institutos, encontramos mensagens consideradas obscenas, ligadas ao corpo, tanto sexuais quanto escatológicas.

Em nossa sociedade, tais assuntos são considerados tabus. Existem normas a serem seguidas e uma repressão sobre o uso do corpo. No banheiro, é onde ocorre a transgressão, a ruptura, e as pessoas se libertam. Por isso, ele se torna um veículo de expressão pessoal, mural de garantida audiência para nossas acertadas e espirituosas observações sobre nós mesmos, sobre o mundo, sobre tudo. Território sujo e livre, que parece oferecer-nos segurança, anonimato, intimidade, o banheiro é um dos locais onde mais se produzem grafitos em nossa sociedade (Barbosa, 1984).

só uma coisa que esqueci de por abaixo do texto. rs.

referências:

BARBOSA, G. Grafitos de banheiro. São Paulo, Brasiliense, 1984.
FIORIM, J. L. Linguagem e ideologia. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2004.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no College de France, pronunciada em 2ª de dezembro de 1970. Tradução: Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo, Loyola, 1987.
ORLANDI, E. Discurso e leitura. São Paulo, Cortez, 1988.
PÊCHEUX, M. "Análise automática do discurso", in Gadet e Hak (orgs.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas, Ed. Unicamp, 1990.

Comunicação é tudo!O estilo, local, modo, linguagem,
meio usado para tal são os mais variados.Gostei demais do texto, Maria.Sou observadora e fã, de escritos em banheiros, caminhões e placas de rua. Aprecio a criatividade e profundidade de algumas mensagens.Fora a péssima ortografia de muitos deles, divirto-me com seus significados.
Bjins, Betha.

Maria, muito pertinente e relevante o teu texto bem como a temática.
Lembrei-me logo de dois ou três comentários do género, que nunca mais esqueci, escritos em casas de banho:

tal como os li e fixei...

"Neste lugar solitário onde toda a vaidade se apaga, todo o covarde faz força todo o valente se caga"

"Quem vier aqui cagar traga consigo papel, não faça da merda tinta nem dos dedos um pincel..."

"O mais longe que fui a Lisboa foi a Fátima"

...

Meu amigo José Faria, pintor da minha cidade, tinha por hábito deixar recados à malta por cima da sanita da casa onde moramos enquanto estudantes.
Nesse tempo passava a série Twin Peaks, onde a célebre pergunta que se colocava aos fãs era: Quem matou Laura Palmer?
Zé escreveu no auge do suspense:
- Eu matei Laura Palmer.

Descontraido e engraçado!Um tema real.Gostei de seu trabalho!

o Miller naquela intangibilidade inconformista que era seu apanágio chamava a isso literatura de retrete. e cnsiderava-o um género literário tão bom como outro qualquer...a escrita livre e disforme...

Beijo Maria

Oi Maria...
Li atentamente seu texto. Não sou um conhecedor de pesquisas sobre o assunto, porém conheço bem "os discursos de banheiro", principalmente os de Universidades... Fico a imaginar por aqui os resultados dos trabalhos sobre tais discursos...( menos do mais? mais do mesmo? Afinal se lê tanta "merda" em banheiros né? rs..)
Somente a imaginar... O que sei é que está muito bem escrito, bem refletido!
Mas, o que me chama mais a atenção no seu trabalho, é a preocupação com o "discurso coletivo" em tantos outros meios...
Interessantíssimo suscitar esta discussão. Outro dia mesmo me preocupava com os discursos dos filmes. Assisti "OS NARRADORES DE JAVÉ" e depois o "AUTO DA COMPADECIDA" e fiquei pensando... Dois bons cineastas, mas com discursos tão parecidos...
Pois é querida Maria, assim são os discursos, em qualquer lugar!
Teu trabalho está excelente!
Meus parabéns!
beijo
Dill

Não se pode esconder a realidade e este tipo de discurso existe. Só acho que poderia ser melhorado. Mas como o banheiro é o lugar onde sempre se vai sozinho, na solidão, as paixões se afloram. Cada um se comunica como pode!
Excelente texto, Maria, corajoso, despojado e interessante! Eu, particularmente, divirto-me com as mensagens dos caminhoneiros. Tem uma frase que me acompanha desde criança, ainda no interior do Ceará: "PARA QUE ORGULHO, SE A MORTE É CERTA!"