Pudesse fazer da noite minha amiga,
Já que em sua escuridão suspiro tanto!
Pudesse-a manter aliada do meu pranto,
De meus desgostos, da minha intriga!
Ouvir em sua paz, uma voz que me diga:
“Vem te ofereço guarida no meu manto”
E assim ficar de estrelas coberto enquanto
Acordada a dor, suplicar ajuda me obriga.
Grita o silencio em plena obscuridade,
Pesa no peito as correntes das dores,
Chegam, e me enroscam sem piedade!
Acolhi ecos de tantos clamores;
Nos lençóis rotos de uma tenra idade!
Farto anda o coração de falsos amores.
Paulo Alves