Interpretações interpenetrantes
Certos e errados que só cabem dentro de nós
Em nossa estória nasceu a virtude
E também sua antípoda a convicção moralista.
Utopias anarquistas e regressivistas
A juventude desmamada sonha o caos
Do fim das corretagens do fim do controle
Mas destruir só vale se for pra construir em cima.
O medo o gélido trunfo das entranhas
O desconhecido de bacolejos violentos
Os riscos que assumimos pelo vinho
Guerra travada pra se poder fumar.
Entrementes providências e proteções
A previsão da entorpecência acalma
Amaina a fúria infantil em cânhamo
E boa música flui natural dos poros.
O destino sem respiro do insatisfeito
Eterna busca por não se sabe bem o que
E mesmo a tensa evolução do sério do comprometido
Tudo espirala em torno do mesmo vermelho emocionante
Das paixões instantâneas e doentias dos Picassos contemporâneos
Dos orgasmos incomparáveis consagrados somente na agonia do adultério.
Quisera meu mecenas divino
Velho tarado que me sustentasse a poesia
Mas daí o poeta sentaria
Acomodado pela balbúrdia da expectativa
Só diria de temas frívolos
Pra não mais ofender à gleba insensível
Manter o ordenado certo
Mas ai desgraça o que peço é só mais dor.
Desdenho as soluções definitivas
Quero problematizar as certezas
Pra que ao fim do escrutínio são
Saiba-se confluir ardor e amor.