Corre, sem noite no olhar
pelos sentidos fora
reparando nos beijos
que se perdem no dilúvio
das (des)ilusões
quase inéditas, palpitantes
eternas, secundadas
por pontapés nas pedras
fotografadas em câmara
muito lenta, desassossegada
pelo barulho dos rios
onde molho os pés descalços
cansados de caminhar.
Visões de pequenos
escravos, sem pátria
escavando inadvertidamente
com seus passos em falso
covinhas no teu rosto
para deixar o
sorriso de depois
surgir mesmo devagar
antes de adormecer
todos os segredos
por detrás dos
costumes praticados
recusados, com fervor
à hora de ponta.
Quando se abre a
porta de saída por
onde acabaste de
entrar, cansada
de bater as asas
ao tentar fugir da chama
com que te atraio
em Junho, ao luar.
Choca o calor
desse farol infinito
que anuncia a primavera
por descobrir.
Mas, afinal o mar
não existe, nem
por baixo os peixes
de cor prata rasam
o fundo a caminho
da superfície.
Sabiamente
são sempre de
cores inesperadas
e nunca nadam
no sentido inverso nem
perto dos ventos
da manhã onde
as montanhas risonhas
que encolhem a olhos
vistos, além onde
se sobe para destrinçar
ao longe as desilusões
experimentais
que tocamos com
a ponta dos dedos
em forma de p-e-n-a
para ter a certeza
que encolhem quando
nos aproximamos
agitando os sonhos
que não vejo
porque estou no meio
do desassossego
que não quero
só para mim.
Reflexos
Hands On Approach