Conto todos os dias
as palavras que
escreves no livro
que te ofereci
em branco
enumeras cansativa
e trôpega, numa
fila, todos os pedaços
que espelhas como
encantamento em redor.
Feitiços do teu charme
distraído e desajeitado
com que prendes e
trituras corações
desprevenidos, que se
prestam às quedas do
fogo da tua imaginação
soalheira, primaveril,
experiente mas juvenil.
Acompanhas, escrevendo
recordações, o meu
passo que não pode
esperar pelo teu ardor
e vontade de afirmação
que salta incontrolável
nos gestos com que
me dás o prazer.
E adormeces sempre
no meu ombro com
a fadiga nos olhos
abertos à sede do
corpo que reprimes
e receias.
Voltas a abrir o
livro para teres a
certeza que to
entreguei em branco
e volto-te a sentir
no pânico de teres
que escrever a
nossa história com
manchas indeléveis
de amor e sexo.
Pára de escrever
pára de amar
(tu nunca paras...)
O teu amor vai
voltar e escrever a
forma como te puxa
em cada queda tua
na hesitação das
paixões que acabam.
Reflexos