Eu bem queria hoje dar-te um beijo, leve
Sem ronha. Mas talvez meus lábios estejam secos,
Dado ao efectivo de tempos sem beijar-te,
Daria apenas a lágrima o gosto,
E quem sabe assim num beijo selar-te.
Eu bem queria esquecer que um dia,
Teu corpo descansou por sobre o meu,
Que teus sussurros ora escritos se deram em gozo,
Que teu gemido ora espremido desatou-se em riso,
Mas cá não me calha lembrar, anátema,
Que seja esquecido.
Eu bem queria que em mim nada de ti habitasse,
Mas o dia é tão curto, me tanto o peso de viver,
Que a noite Tu cá poisas, e fica n’alma,
A volver ora o gosto, ora desgosto...
De ti não mais ter...
"Morremos gestantes da ansiedade que nada espera."