Cérebro de silicone
Parece até mentira, mas tenho uma sina terrível. Às vezes chega a incomodar-me.
Gostaria tanto de ser igual a certas pessoas hipócritas, mas não consigo. Acabo sofrendo por discordar mesmo sabendo que sou a minoria. Portanto não me queira mal. Sou apenas realista.
Por cada dia que passo mais surpreso fico. Agora mesmo passamos pelo carnaval 2009, euforia total, perversão ao extremo, realmente o limite da degradação juvenil. Normalmente são nove meses, o tempo necessário para que muitas adolescentes recebam o troféu carnavalesco.
Até aí tudo bem, que fazer se consta do nosso calendário essa festa animalesca, medíocre, onde a maioria dos participantes fica ridícula. Indivíduos que nos impunham respeito, que se mostravam pessoas íntegras, respeitosas aos nossos olhos, agora passaram a ser vulgares igualmente muitos. Abandonam a hombridade, o porte sério de pai, embonecam-se e correm para o Sambódromo para receber os aplausos sentindo-se uma vedete. Embora a escolha deva ser respeitada.
O cruel é ter que assistir depois do carnaval, repetitivas vezes na televisão, as insossas entrevistas das vencedoras, muitas novamente com as suas respectivas fantasias. O assunto é tão pobre, ruim e maçante que nos dá impressão que colocaram silicone no lugar dos miolos.
Fico a me perguntar: o que está acontecendo com grande percentual de mulheres do nosso Brasil? O carnaval já passou e muitas ainda se ocupam das telinhas da nossa televisão e mostram o seu cérebro avantajado dentro de minúsculo tapa sexo.
Estamos chegando ao extremo. Isto gera uma preocupação incrível no meu coração. Já não chega Pedro Bial chamar de “Heróis (...)” participantes do Big Brother. Que Horror! Criança optar por ser jogador profissional, outros por serem políticos. Chegará momento em que a juventude optará em abdicar da cultura para ser nada ao invés de estudar e ser útil a humanidade.
Já não se assiste nem programa humorístico que não seja apelativo ao sexo. Basta uma entrevista onde tenham mulheres bombadas, que não seja uma aula de contracultura. O vazio cerebral dessas tais musas chega a nos desanimar. Acreditam que a vida seja esse diminuto mundo, apenas uma vitrina de carne, um rebolado de bunda, um balanceio de peitos, que dispensa a existência de um cérebro. Estão muito enganadas, a vida é muito mais do que isso, é a oportunidade que tem o espírito para evoluir. Realmente é um quadro até bonito, mas totalmente inútil, no momento em que transformam a futilidade em obsessão. Com uma agravante: muitas exibem um corpo lindo; mas mutilado pelos piercings, e as bregas tatuagens, sem falar daqueles espetados na língua e nariz, que além de nojentos deixam-nas com aspecto de sujas. Acabam por denegrir a sua própria imagem, igualando-se a bandidos do submundo do crime. Permitir o uso desse veículo de comunicação tão importante para transmitir esse nada, é totalmente inaceitável.
Agora com essa onda de mulheres “frutas, filés, pelancas, etc. e tal” é lamentável sentir a vulgaridade e a banalização do sexo chegar a tal ponto. Não consigo imaginar o desgosto dos pais dessas garotas ao assistirem na mesma telinha e nas revistas masculinas a explosão e exposição sensual, sob a alcunha de trabalho, acompanhada da maior implosão cultural intelectual já vista.