O campo dourado ondulante,
Terminando no pequeno riacho,
Quase seco nesta época quente,
Ladeado pelo eucaliptal
Única sombra neste
Verão infernal.
A velha ponte de madeira
Quase a cair,
Onde tenho medo de passar
Para o outro lado, onde andam
As ovelhas a pastar.
Mais ao longe algumas éguas
E suas crias,
Felizes e vadias,
Guardadas por alguns sobreiros
Perdidos nos hectares soalheiros.
Correm livres os cães
À minha volta,
Os labradores brincam com os rafeiros
Enormes e alentejanos,
Que vi nascer e crescer,
Durante tantos anos.
Neste monte, eu sou forasteira,
Como me costumas chamar,
É verdade, não sou daqui,
Mas tu também não...
Por mais que queiras brincar,
As minhas raízes são aqui
Tal como as tuas, meu irmão.
A estas terras deste tudo,
Até a tua alma,
Mas eu também dei
Parte do meu coração...