Não quero essa volta
De sonhos vermelhos
Nem quero essa ida
De lados esquerdos
E quero esse ponto
Nos desencontros
Dos centros contrários
Nem quero esse selo
P'ra selar os homens mortais
Nem quero esta chave
Da liberdade de asas quebradas
Nessa construção caindo podre
Nem quero ser a ponte
Ligando mundos de muros
Que segura e mata pensamentos nas mentes
Feito casas em construções de acordes
Que mantêm vozes trancadas
Feitos gritos no final das balas
E dessa corrente esticada
De sul a norte p'ra aumentar a dor
Dos bois e dos milhos espalhados
No chão das matas crescendo
E dormem fortes nos meus terreiros
Por todas manhãs sem minas chorando
E cresce em cada gente que passa
Dentro dos trens que não vão a lugar nenhum
Dentro da montanha que tem destino certo
Buracos nos olhos caídos, esquecidos, sem línguas
Lixeiras dos edifícios sem pátria , sem moradia
Que dorme ao lado dos cascos vazios e vadios
Pobre homem da minha quente antártica
José Veríssimo