Não venho rogar a Deus misericórdia em perder-te
Nem implorar a ti algum resquício de amor.
Se intumescido saio do meu ócio aos ares de pavor,
Não e por falta sua, menos muito por querer-te.
Se hora ergo os olhos, é sem intenção de ver-te,
Em que juntos deles caminham com total palor
Os passos meus enegrecidos nas visões de horror
A caminho do trágico destino de não ter-te!
Se, impávido desisto desse tédio de viver,
Quando a coragem de secar os olhos me toma,
Não creia nos atos descabidos que ainda podes ver,
Conquanto me despeço já do futuro que tiver!
Quando salto da janela e do medo que me doma,
Não é pra te encontrar, mas pra morrer!