A galera perdeu o limite
Caros amigos:
Que coisa incrível é o mundo atual, chega a nos fazer medo.
Em certo domingo que passou, assistia a uma entrevista na TV Bandeirantes, por volta das 23.45hs, quando de repente fui surpreendido por uma música com nível sonoro, centenas de vezes superior a 65 decibéis, limite estipulado de acordo com o método MB-268 prescrito pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, incompatível para o horário conforme a Lei do Silêncio n° 7.302 de 21 de julho de 1978, que ainda se encontra em vigor.
Embora este acontecimento não fosse o único e sempre aconteceu em nossa cidade, ainda que a lei proíba não vamos considerar pelo lado legal e sim pelo lado social e do bom senso, característica presente em quase todos os cidadãos. Infelizmente existem pessoas que embora saibam ser ilegal, e sejam informados pelo bom senso que o nosso direito termina onde começa o do próximo, não estão nem aí preocupados com as regras e os limites a serem observados, uma vez sejam pagos que se danem os incomodados.
Acredito que todos têm o direito à liberdade, o que me deixa entristecido é que uma pseudoliberdade esteja alienando os jovens nessa procura insana ao nada. Parecem-me tão distantes de si próprios que a música no tom natural não chega até eles sendo necessários milhares de watts, desconsiderando por completo os riscos pertinentes ao abuso sonoro. Falo isto com propriedade não me baseando em filhos dos outros, assisto dentro da minha própria casa, quando ao adentrá-la sou obrigado ir abaixando os sons dos aparelhos e o que mais me intriga é que a moçada reunida consegue conversar naquele verdadeiro inferno. Certas horas tenho um dó e uma vergonha muito grande dos meus vizinhos por tolerarem pacienciosamente na minha ausência certos excessos sonoros. Pego no pé quando chego e não concordo mesmo com esse procedimento, mesmo assim ainda me driblam, mas faço o possível para orientá-los do bom senso. Boa parte da juventude está transformando-se no centro vital do ridículo como podemos facilmente mostrar: quem ainda não assistiu na televisão aglomerações raves, onde milhares de jovens se encontram e num frenesi louco entregam-se totalmente ao mundo ilusório das drogas: nas tais baladas ou nos bailes funk envolvidos pelo som ilimitado pulam durante horas e horas alheios por completo ao corpo físico, um show digno de inveja a qualquer capeta. Mas não pára aí: jovens, por todo o mundo tão desregrados; que transformam o próprio corpo através dos (excessos) de tatuagens e dos tais piercings, para tudo quanto é lado. Além de horrorosos são bem nojentos,... dá um aspecto de gente suja sem asseio sem falar das roupas exóticas, os tipos góticos que deixam-nos à tal ponto ridículos, outros com tantos ornatos e bagulhos pendurados pelo corpo, igual a um imbecil que apresentou-se na televisão todo tatuado e rebocado dos pés à cabeça imaginando que abafava, mas na verdade estava com o corpo tão sortido que parecia uma: “verdadeira penteadeira de puta”. É um caso digno de dó! E de tratamento psicológico. Com certeza absoluta são doentes!
Do jeito que o abuso e o desrespeito com o próprio corpo estão atacando a juventude, a ponto de ridicularizá-la seria importante a intervenção estatal para que se coibissem tais absurdos, uma vez que os pais tornaram-se totalmente impotentes diante dessa nova ordem frente aos próprios filhos. A juventude perdeu por completo os limites ditando as próprias regras, às quais são infelizmente desmedidas, desrespeitosas e deprimentes. A gente nota garotas bonitas ou garotos mutilados (exageradamente) com tatuagens definitivas. Um dia quando atingirem o plano da realidade sofrerão ao perderem a oportunidade de um bom emprego por causa da mutilação provocada no próprio corpo, pois as empresas de grande porte normalmente não aceitam pessoas no seu quadro que portam tatuagens definitivas e piercings em locais visíveis. Nessa hora então sentir-se-ão deprimidas. São mais infelizes que culpados. A verdadeira culpa deve ser imputada somente aos pais, que deveriam ter proibido tal procedimento, uma vez que muitos jovens são movidos pelo modismo nocivo propagado pela televisão e jamais têm o entendimento do grau de prejuízo de que serão acometidos no futuro. Alguns imaginam estar abafando;... furam orelhas, beiços, e por ai vai, mas os piores de todos são os tarados que furam a língua e colocam os tais piercings e acabam transformando-a em um grande reprodutório de bactérias: nunca vi nada mais porco na minha vida!! Que fazer se os próprios pais não ligam?! Quem sou eu pra falar.
Voltando ao princípio do assunto quanto ao som excessivo e desnecessário, chamo a atenção no que tange a respeitabilidade quanto ao próximo. Todos nós sabemos que inúmeras são as pessoas doentes, ou pessoas idosas, ou trabalhadores cansados que querem descansar e que são obrigados a suportarem um som abusivo e desrespeitoso, cansativo e chato madrugada adentro. É uma prova inconteste de desrespeito ao próximo. Fora os índios que passam drogados e bêbados quebrando tudo e gritando à noite toda.
É mais do que justo que a juventude divirta-se e aproveite a mocidade, o que não justifica é permitir que aqueles que não estão presentes ou as pessoas de idade avançada, pessoas doentes sejam sacrificadas, ficando acordadas até altas horas da manhã, porque os aborrecentes não podem ser privados de suas excêntricas exigências, provando o que relatei acima: não têm o mínimo senso de entendimento, a ponto de ficarem enfurnados num ambiente com milhares de decibéis acima do permitido pela MB-268 desconhecendo por completo os riscos para a saúde auditiva, além do comprometimento total de um corpo afetado pelo excesso de álcool e ácidos.
Se nós pais não atentarmos para a gravidade dos fatos e continuarmos achando bonito e dando guarida para a enxurrada de bestialidades e se não forem tomadas medidas urgentes para essa nova geração que está chegando ao mercado de consumo desenfreado, permissivo, abusivo e também estipulados os limites para uma juventude que desconhece as regras e estipulam os métodos, o final infelizmente não será outro a não ser mortes nos “bangs jumps; nas estradas; nas baladas e suas overdoses.
Agora mesmo todos nós assistimos pela TV, parece que eu estava adivinhando o que comentei aqui há pouco tempo: o governo devia preocupar-se em acabar com as torcidas organizadas, essa fábrica de loucos, onde esses débeis mentais congregam-se para praticar os mais sórdidos crimes. Já que os pais não tomam providências e nem podem, pois muitos deles são tão irresponsáveis que levam até crianças aos estádios, das quais deveriam mais é perder o pátrio poder por colocá-las em um ambiente onde limites não existem e sim uma jaula de ferro e concreto onde pessoas ficam à mercê de animais tatuados, cabeça feita pelas drogas e álcool, fantasiados de gente, com uma única finalidade: extravasar o instinto feroz e destruir a alegria dos outros. É um tipo de gente que escola nenhuma conserta a não ser um corretivo caprichado que a polícia deveria poder fazer, mas daqueles que deixassem lembranças para o resto da vida, a única forma infelizmente de adestrar esses animais violentos.
Imponha limites aos filhos, nem que por isso seja odiado e tenha que chorar em horas de solidão. É duro, mas você ainda pode fazer caso contrário amanhã os limites serão impostos por uma cadeira de rodas; pelo estatuto de um sanatório; ou nas cruéis; amargas e terríveis celas de uma penitenciária; ou sob a lápide calada e fria de uma sepultura; onde agora nada mais poderá ser feito.