Se me faltarem as palavras nunca me faltará a alma nem os silêncios que as seguram... As minhas palavras são ditas pela alma e antecipadas em silêncios quase eternos que moram ainda em mim. Se me faltarem as palavras sofrerei calado pois chegou o fim, o fim de uma obra pequena, ou de uma triste aragem que passou por aqui.
Mas não creio que me faltem as palavras, trago-as atolhadas e amarrotadas na minha garganta, estive este tempo todo a sofrer em silêncios permanentes e antecipados, em silêncios mudos que consumiram muito do que sou. Afinal somos nós que nos consumimos sempre e cada vez mais... Por isso hoje nada está consumado ainda, muito ainda por aí virá, muitas palavras saltarão matreiras na minha boca, outras safadas saíram devagar pelos seus cantos. Quero ficar calada mas arde em mim o desejo de falar, falar todas as palavras que trago no coração e na alma, todas as palavras que me dão vida, que me correm nas veias com o sangue, que se perdem dentro deste corpo vadio de mim...
Se me faltarem as palavras estarei morta, morto estará meu corpo mas a minha alma sobreviverá por todas as palavras que já foram ditas.
. façam de conta que eu não estive cá .