Cada montanha de Minas, Silmara
Mais parece um dos lados de um berço
Onde a gente vai-se amontanhando,
Perfilados, um ao lado do outro,
E sem cair do berço, vai aprendendo amar
É desse um ao lado do outro
Que a gente acaba encontrado o amor da gente
Assim aninhados, como filhotes medrosos
Arredando um pra lá e mais de dois prá cá
Onde entre montanhas sagradas, mais perto de Deus
Cada um tocando seu gado, vivendo apaixonado
Cada montanha, quando cruza com o sol, cria um filho
Em cada cigarro de palha e uma frase errada,
A gente vai acertando e errando e tocando a vida
Assim amontanhados em minas, a gente vai mineirando
A gente vai cancionando o vento e poetando a dor
Afinando a viola, subindo a serra e descendo a serra
Ah! Mineiros de Minas gerais, de minha Minas Gerais
Minas dos vaqueiros, dos minérios, do queijo e das águas
Dos poetas, do primeiro amor e da liberdade de todos
Saboreando os corpos, criando os amores e brincando nos trilhos
Montanha que inspirou o maior arquiteto e o único poeta
Minas das linhas retas e tortas, do corpo perfeito e dos ideais
Escorre nas torneiras, caminha pelas veias e renasce nos corações
Está nas ruas de pedra, onde o ouro é preto e o amor não tem cor
Terras de tantos santos, de todas as serras e de lindas cachoeiras
Terras de Chico, de Clara, de Milton, de Lima e d´gente de minas
Canto do universo, onde cada montanha gera um ser chamado de filhos
Minas de todos, minas norte, minas sul, minas leste e minas oeste
Liberdade de manhã, à tarde, à noite e no outro dia, sempre liberdade
Minas do perfeito escultor, do pequeno aleijado e das minas de Chagas
Amor montanha, berço amado, gostosa como bico de infância e do primeiro peito
Deito com você no rio, em salvador, sem nenhuma crença e me acordo mineiro
Amor à primeira vista nasceu assim, nasceram assim, todos nasceram de mim
Vários são os amores de minas amontanhados por tantas minas que são Minas
José Veríssimo