No esoterismo aprendi um dia Que tenho um anjo da guarda E outro chamado construtor, O primeiro me protege e guia O outro é mensageiro do Senhor.
Pedi ao segundo que buscasse Respostas ao meu aflito coração A verdade que enfim me orientasse Na busca da eterna salvação.
Fui conduzido a primeira estrada Inicio de minh'alma a redenção Guiado por uma estrela iluminada Ao vale da sublime purificação.
Vislumbrei uma placa cintilante Indicando a estrada da caridade Onde vaguei como um errante Vendo as marcas da minha iniqüidade.
Ao final outra placa indicava A estrada da benevolência Que ao percorrer eu escutava Os lamentos de minha consciência.
A seguir vi a estrada do perdão Congestionada por espíritos egoístas Aqueles que não creram na salvação E foram por opção materialistas.
Na estrada da discórdia almas vagavam Perdidas na escuridão do rancor Provando do veneno que destilavam Quando semeavam tristeza e desamor.
A estrada da vaidade refletia A matéria pavorosa e desfigurada Daqueles que esqueceram um dia Que poder e beleza física não é nada.
Alcancei a praça religiosa Onde existia calorosa discussão Dos pretensiosos que na vida caprichosa Pregavam ter de Deus procuração.
Na estrada da ambição senti pavor Ao ver tanto sangue derramado pelo chão Misturado a troféus que o homem conquistou Nas guerras onde não existe compaixão.
Fui revivendo da vida minha história Tanta coisa que passei sem perceber Longa metragem de minha trajetória Felicidade que almejei sem merecer.
Ouvi gritos, palavras sem sentido e ira No vale da loucura e tormento Eram aqueles que usaram da mentira Para tirar proveito da miséria e sofrimento.
Na estrada da luxúria me choquei Ao ver muitos que pregavam o moralismo Nos quais fui um ingênuo que acreditei Sem perceber que eram artistas do cinismo.
No vale da saudade me encontrei Com os sonhos que havia sepultado Pessoas tão queridas que amei E hoje habitam da vida o outro lado.
No campo da tristeza me ajoelhei Sentindo o peso de minha imperfeição Olhando para o céu lágrimas derramei Envergonhando com minha pretensão.
No labirinto do remorso encontrei Os insanos declamando sem parar As poesias que conheci e tanto admirei Dos poetas a quem só fizeram explorar.
Na estrada do egocentrismo vi o lamento Dos falsos pregadores da liberdade Em retóricas ensaiadas levadas pelo vento Sem um mínimo de escrúpulo ou verdade.
Ao meu anjo construtor agradeci A viagem pelo longo aprendizado Pois agora finalmente entendi O muito que me falta ser lapidado.
Ao longe vi que uma luz resplandecia Brilhando no mais sublime esplendor Era o Senhor que com bondade me dizia Que o caminho da redenção é o amor.
Dessas lições nasceu esse poema De um coração que conheceu a verdade Consciente que a vida é efêmera E só o amor constrói para eternidade.