Saia dessa solidão
Pode dormir patrão
Pode acordar ladrão
Perder a fé e a razão
Ganhar o tédio e olhar nada
A vida é fogo, é gente que chora
Roxa de paixão
Sonhar caipira agonia
Pode governar sonhos
Tentar de joelhos rezar
Assar no poder do sol
De raios que vão embora
Dessa casa escura viva que chora
Roxa de paixão
Deixa nascer a morte
No rosto dessa sorte
Que tudo é homenagem
Que a vida é malandragem
Pão e lágrima cortando
cada grão tem sua boca que chora
Roxa de paixão
Morra no peito livre
Que vida é distante
Feliz patrão otário
E nessa ciência calada
ensina chorar verdade
Por essa mágoa louca que chora
Roxa de paixão
Medir corações separados
Rolar no limite da terra
Bater o sino e beber o alado
A fé da cabeça menino
Que atormenta a terra que chora
Roxa de paixão.
José Veríssimo