Estou estafado, no fim do dia, E será assim no fim da vida, Se for ganhando em siso, Sem cair na terra, como granizo. Dói-me, sei que estou cansado: Desmaiou o braço musculado. Pesa-me a cabeça; enfastiado Me recosto, languescente Existo, até ao sol nascente, Até renovado esplendor. Aqueço-me no doce calor Da lareira, queimando as achas Que me rebentaram às machadadas.
Persisto. Ouço o mar, olho as estrelas, Durmo, aconchegado em sedas. A cada recarga, esvaece-se O vigor: envelhece-se.
Garrido Perdoa-me a minha ousadia, mas fui busca-la ali à tua galeria e trouxe-a até aqui, porque achei-a lindíssima e merecedora do teu poema, que escreveste num momento de cansaço e melancolia, fazendo uma ponte perfeita entre o fim do dia e o fim da vida...