Poemas -> Dedicatória : 

DESCANSA EM PAZ AGORA (para o Zé Carlos)

 





Ah, mas dêem-me a música, talvez
assim acalme, minha dor e
monstruosa revolta, que vai no meu peito!

Nasce-se. Morre-se. E tudo é tão assim,
que o que temos, de pouco nos serve, quando a morte,
vier de mansinho, reclamar sua divida.

Glória passageira, nesta vida, somos simples
bonecos, de cara enterrada na lama!
lutando e pedindo, só um pouco
mais de tempo, para que a flor-de-lis,
venha a ter, o seu merecido despontar.

E vemos nossos filhos crescer,
de encontro ao focinho, da corrupção.

E depois vêm os netos. E quando pensamos,
que, a tranquilidade é connosco,
podendo vê-los crescer e brincar com eles,
logo a desgraça se abate, imerecidamente.

E ficamos doentes, entregues a hospitais,
sem qualquer humanidade, que de pronto,
nos abandonam, à nossa pouca sorte.

E a casa regressando (nunca melhores),
apenas a terra e as cinzas, nos esperam,
enquanto os assassinos, se passeiam.

Na flor da idade, obrigaram-te a partir,
meu querido, Zé Carlos, simpatia em
pessoa, para com todos…

Pois quem de atenções, devia cuidar-te,
simplesmente, não cumpriu a promessa,
juramento de todos os médicos.

Meu choro, não cabe mais em mim,
porque não me vesti de sangue novo,
resgatando-te, para a vida.

Nada fiz por ti… e a minha vida, não te a
entreguei, em mãos… então, porque
me digo eu poeta? Ah, quanta falsidade,
vejo hoje, existir em mim.

Nada… é o que sou.

Jorge Humberto
06/03/09


 
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jorgehumberto
 
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Enviado por Tópico
luciusantonius
Publicado: 08/03/2009 01:26  Atualizado: 08/03/2009 01:26
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 Re: DESCANSA EM PAZ AGORA (para o Zé Carlos)
Caro jorgehumberto a poesia é antes de mais, em meu entender uma das mais sublimes formas de expressarmos o que nos vai no profundo da alma. É que é das profundezas da alma que pressinto vir o seu desabafo, a dor sem fim que dilacera, penso que, dor que conheço já. Horas há em que ela fala mais fundo, ecoa mais forte na sensibilidade que mora em nós e ás vezes de nós toma conta. Não temos, não tenho resposta eficaz. Tenho o que para mim consegue sê-lo e a que chamo Esperança. Esta nunca a perdi e espero não perde-la. Arde em mim como um fogo a falar-me de Eternidade. Felicito-o pelo seu poema e pela humildade de o trazer até nós.
Um abraço
Antonius