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Despedida

 
Despedida
(Davys Sousa, Teresina-PI <Brasil> 2006)

Se por um acaso pudéssemos colher
Os frutos bons deste amor e recorrer
Ao tempo como uma auto-expansão do que fomos,

Cada lembrança valeria a dor ou prazer
Que nos fazem sangrar, e alheias entre beijos de namorados,
Confissões adolescentes e a verdade
Que não é só minha e passa sozinha
E de repente, vou levando a tempestade
Como a leviandade de um beijo.

Perplexas, as rosas, que te prometi
E sonhei, em vão, desfloraram-se
E se perderam entre os espinhos que cresceram.

As rosas que em sonhos despiram-se
Na madrugada de Setembro.

Dos ventos, das vozes, vivas, velozes
As rosas que agora sangram
Em vasos decadentes, pois ando
Agora muito esquecida.

Onde estarão as rosas que me faziam sorrir?
Que me entristeciam pela manhã ao vê-las
Alheias e nossas, e no instante, que elas se desvairaram,
O encanto se acabou, no fim do fogo
Que alimentava nossas vidas,
No fim de um tudo se dissipou.

E procuro nos espelhos, nos álbuns, nos retratos
E em cartas, a flor escondida
Que parece eternamente murmurada
E uma voz em mim sentida.
Atrás da parede, atrás de um quarto
Lágrimas que eram a vida – a nossa vida.

Nisto, perdida, penso que posso acabar
Ou separar-me de mim mesma.


Davys Sousa
(Caine)

 
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caine
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