Vou secar a sorte
e mudar a morte
Escrever um verso
E abraçar seu peito
Vou cantar cantigas
Esquecer as mágoas
Das cores antigas
Vou embotar estradas
Nos seus olhos fundos
Vou plantar morada
No seu ventre fecundo
Vou brotar meu mundo
Se a nova poesia
Me fizer mais velho
Volto a seu encontro
No raiar do dia
Se a corda no peito
Não fizer esse acorde
Vou mudar p'ra onde
A dor não tenha leito
Nasci p'ra fazer viagem
P'ra seguir na aragem
De um pingo rouco
E louco, abraçar seu corpo
Se a chuva é grossa
A viola é grande
E se o peito esconde
Esse amor antigo...
Mas, amor dos outros...
São Marias esquecidas
Num canto qualquer
Também sem amor.....
José Veríssimo