Mas o tempo que pra ti corre lento; pra mim,
voa. E voa numa velocidade que minhas velhas
asas não mais acompanham, mas não posso parar.
Tenho que tentar correr junto, pois a hora do
crepúsculo já se anuncia, e não demora a noite
me encobre com sua escuridão e não mais verei-te,
nem sentirei o teu pulsar. Detive-me ainda no
tempo, à tua espera, mas viestes tarde, tão tarde
que os meus olhos embaçados pela nevoa dos anos
já mal distinguem a cor dos teus olhos.
Até estendi-te os meus braços, mas vinhas a passos
lentos, brincando com as flores e as borboletas
que te sorriam pela estrada e nem reparastes que
os longos anos de espera, embranqueceram os meus
cabelos.
E num último apelo, ainda chamo-te, mas o tempo
gastou-me as cordas vocais e já mal me ouço a
própria voz a dizer-te dessa minha espera, desde
a primavera.
Perdão amor, mas tenho que seguir sem ti...
(Menina do Rio)
Menina do Rio