De noite, espero-te à tua porta. Apareces...
Momentos assim deveriam surgir diante de mim em câmara lenta, bem devagar. Sinto-me egoísta, quero parar o tempo para que possa absorver cada passo teu, cada jeito do teu vestido em cada movimento do teu andar.
E o teu sorriso. Esse teu sorriso...Bem que a lua se podia multiplicar por mil que não iluminava a minha noite como o teu sorriso. Fechas a porta. Cheiras a mar em dia de Inverno, perfumas o ambiente, a minha roupa e o meu corpo também.
Pelo caminho, contas-me como foi o teu dia, ris em voz alta, sem inibições e sinto-te alegre, alimentas-me a alma a cada gargalhada.
Saímos, jantamos, conversamos mais um pouco.
E volta de novo, o egoísmo apudera-se de mim em mais um momento em que quero que tudo páre e só tu, apenas tu, dances junto a mim. Voltam a ser os teus cabelos que rodam, os teus olhos que brilham por entre as luzes, o teu corpo que desliza, que me toca, que me provoca e dás-me sem qualquer aviso ou permissão a banda sonóra de uma vida, o som do teu beijo...música nos meus ouvidos.
Já de volta, à porta de tua casa páras diante de mim. Tocas-me o rosto e com um sorriso de satisfação, com um brilho no olhar, focas os meus olhos como quem foca uma mira e dizes-me num tom tão doce quanto sincero: "Que noite. Obrigada"; e voltas para casa, com a mesma graça com que saíste, em camâra lenta. De volta a minha casa, recosto-me no banco do jardim e suspiro fundo. Tento absorver toda uma noite num só momento.
Qual lua, qual perfume, qual jantar ou qual dança...Apenas tu, que noite, que mulher. Obrigado eu.