HIERÓGLIFO
Em um sábado de inverno chuvoso e frio
Nos canteiros descoloridos de um seól
Minha mente elevada e aflita
Encontra-se no vazio em estupor
Exonerada no esconderijo da solidão
Sepultada pelo capricho do impiedoso destino
Pensamentos flagelados, açoitados e desesperados...
Aqui de joelhos dobrados e vencidos
Frente á lápide sem vida empalidecida
Onde um corpo ceifado, uma frase descrevia...
Flores amargas e fétidas em seu enfeitar
Não são diferentes de um homem em seu pesar
Anódino pela vida entregue ao ataúde
Não mais escreverei poesias
Em um papel de pão no café da manhã
Relatarei minhas tristezas
No mármore gelado da ilusão
Vivo buscando decifrar uma frase sem razão
No entardecer cinzento do outono
Toco a ocarina até o céu vestir de negro
Expresso uma ode tristonha
Na composição tímida da garganta enfraquecida
No túmulo memorial repousa meus desejos
Um lábio calado me acusa um segredo
Minha alma mórbida juntará aos desfalecidos
Na terra do esquecimento, quem ouvirá meu gemido?
O sol não terá a oportunidade de um novo dia
Teu rosto desapareceu dentre as folhas de outono
Morreram a poesia de nossas vidas
No seio de um futuro pairam adormecidas
Nos lábios de outrem que compreenderam
Os relatos vividos, incompreendidos da nossa história.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli 26/03/2002
Marcelo Henrique Zacarelli
Flores amargas e fétidas em seu enfeitar
Não são diferentes de um homem em seu pesar...