Canta sereno o ópio em meus olhos
Quando para além de tudo alcanço os teus
Delira e alucina o meu pessimismo
Só com a dor de pensar
Quando os teus olhos encontrarem os meus
Sinto em excesso a angústia de ser
E a ansiedade de não poder
Odeio-me se não o fizer
Respirar o meu ar que tu
Deixar entrar em corpo nu
O mal que esse amor me fizer
Queria às vezes ter um sabor salgado
Dissolver-me na água do mar
E esperar deitado na praia
Gretado de sede e desejo
E esperar o doce no molhado do teu beijo
Ao mesmo tempo ser só no mundo
Ter tempo para respirar bem fundo
E resolver esta batalha entre a vida e a agonia
A tristeza e a folia
A realidade e a poesia
Cansa só de pensar
Que nunca te vou olhar ou falar
Que não lês o que escrevia
Emerge o ópio em meus olhos
Odeio-me se não o fizer
Respirar o meu ar que tu
Deixar entrar em corpo nu
O mal que esse amor me fizer