Aquela que magoa e tanto inflama,
Nenhuma dor mais precisa e contundente,
No mártir o sangue afrouxa-se da ferida e clama
Pelo ódio que rejuvenesce o santo.
O fraco apenas o amor declama,
Cego o tumor alcança a alma em quebranto,
No porvir inseguro da flecha clichê e do dogma a espada na chama
Corta-lhe a cabeça,cabelos na cesta e dolentes lamúrias.
A mulher espera e observa,
Da janela o mutilado estúpido contempla,
Na palavra que escapa ao lábio apenas o acaso resguarda
O estupro e a morte,toda infinita lágrima,resquício de sabedoria.
Amar é a benção,cuspe invertido do messias,
Esparramado no cerúleo paraíso acima da retina,vítreo orgasmo,
A paixão fere o derradeiro esforço do divinal herege,
Tece a redenção própria do segredo decomposto no crucificado ressurrecto.
Uma prostituta solitária doente.