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EU DISSE DE MANHÃS

 
(líricas de um evangelho insano)



Eu disse de outros caminhos do jardim
eu disse o que ontem não escrevi
mas deixei escrito lá sobre a
imprecisão do ossário da lousa
Eu disse que da lavra do arco-íris
sangram furnas de pólens
chafurdam rosais negros
bocados de palhas riscos de calhas
e um vago rumor de cordas
de sobrevivências de víveres
entre escorioses e pruridas ilhas
Eu disse que há guardado no caminho do agora
uma eternidade de pássaros
para em te bebendo no aguadouro de sal
te cinzelar dentro do cal da retina
dos meus olhos indefinidamente
e assim como disse esqueci de dizer
sobre os canteiros
e acabei por recortar picotes dos tinteiros
e tenho que redizer do sêmen do absoluto inominado
daquele que atravessa o vento parado
os Zéfiros de campos minados
do teu corpo sobre o meu
e como dizem as línguas das manhãs
em hortelã em pó e Zeus...
antes que a lâmina do sol se ponha
bebe-te o líquen óh vida no obituário do teu veneno
até que eu de novo te reencontre em mim!


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lilianreinhardt
 
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Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 01/03/2009 11:41  Atualizado: 01/03/2009 11:41
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 Re: EU DISSE DE MANHÃS
Um amanhecer num lirísmo excelente com metaforas muito bem colocadas e profundas, gostei.

Beijos