“Onde quer que você esteja é o ponto de partida”.
Kabir – poeta e místico italiano
Numa quinta-feira, depois de uma semana longe da academia, voltei.
Levantei-me às 5 (e sem despertador! Ô, beleza!... não estou tão mal assim... ainda consigo acordar sem ajuda!) e às 6 estava entrando na tão procurada câmara de tortura.
- Bom dia! – cumprimentei o pessoal, na entrada – Bom dia, Fabinho, ainda me reconhece?
- Bom dia, Macieira, estava de férias?
- Não... é que ontem estava chovendo. – respondi, meio na defensiva – Você sabe... estou sem carro e não dá pra vir de bicicleta, né. (Acho que a justificativa não colou.)
- Ah, sim, você agora derrete sob a chuva!... E na segunda?... Na segunda não choveu!
- Ah, Fabinho, dá um tempo...! Segunda é depois de domingo e domingo eu fico navegando na Internet até de madrugada. É humanamente impossível ir para a cama às 3 e levantar às 5. (Ainda bem que ele não me lembrou que eu deveria lembrar que na segunda tenho academia... ainda bem!).
- Tudo bem... e na quinta, na sexta e no sábado?
- Bem... quinta perdi a hora, sexta estava querendo chover e sábado não tenho horário. Sua academia só abre às 8! Esqueceu?... (Aí a responsabilidade não era minha, afinal alguém tem que dividir a culpa comigo).
Enquanto isso ele procurava minha ficha.
- Ainda por cima perde minha ficha! – reclamei – Acho que vou voltar e dormir mais um pouco.
- Nem pensar! Aqui está sua ficha, pode procurar outra desculpa. Você está ficando muito preguiçosa, Macieira. Vamos lá, vamos lá... ânimo!
Fui para o salão. Havia pouca gente no momento e sentei-me na cadeira adutora (ou abdutora, sei lá!).
Quando Fabinho se aproximou, ficamos conversando (devo dizer que não parei os exercícios).
- Você está na minha última crônica – eu disse – E nem coloquei o capuz de carrasco em você!
- Legal!... – ele riu.
- Só não disse o nome da academia...
- Ah, é?! E por que não?
- Isso é merchandising... – respondi - ... pra isso tem que rolar “dim dim”. Afinal você vai estar na Internet e isso não é pouca coisa. – brinquei.
No primeiro intervalo entre os aparelhos fui ao bebedouro. Apertei com tanta vontade aquele botãozinho que a água esguichou direto na minha testa.
- Que é isso, Macieira?... Isso não é hora nem local para banho. (Ele tinha que falar alguma coisa!)
Só olhei....(grrrrrr)... nem me dispus a responder... (grrrrr)... Ainda tenho vários aparelhos para consumir meu esforço e ele é um implicante! Mas, eu adoro esse trainer.
Fui passando pelos outros aparelhos: pulley não-sei-lá-o-que, crucifixo, mesa de glúteo (ridículo esse nome!). Reservo sempre a última meia hora para as abdominais e os outros exercícios que posso fazer deitada no colchãozinho de anão.
Ainda tinha algum tempo. Sentei-me na cadeira extensora. Nas últimas repetições, eu lá de olhinhos fechados, reunindo os últimos resquícios das minhas combalidas forças para terminar com honra aquela série e... quem entra!? A “vitrine da academia” (é claro que abri os olhos nesse momento!). O peso que já não queria me obedecer, caiu de vez. Parei por ali. (Acho que estou sendo atacada por uma nova e ainda não identificada síndrome – a SENS – Síndrome do Esforço Não Suficiente). Mas, só de raiva, repito para mim mesma: eu ainda chego lá!
7 e meia. Hora de ir. Por hoje chega!
Amanhã, sexta-feira, eu volto. Bem... acho que volto.
Amo plantas e bichos e, principalmente, amo gente
Arlene.