… já não tenho palavras meu amor, já gastei as horas à procura de palavras, já gastei os dias procurando respostas…
Quando hoje me perco nas ruas sem nome por onde o teu corpo se passeia ainda, quando hoje me encontro nos becos escuros onde o teu corpo ainda se encolhe para chorar aquilo que não foi, quando me sento na pedra fria dos passeios das ruas e olho o horizonte dos teus sonhos desfeitos…
A tua sombra ainda se insinua nos ramos das árvores do passeio, o teu cabelo ainda esvoaça com a brevidade do vento que matreiro ainda teima em conquistar-te num arrepio; a tua face ainda permanece de olhos fixos no mar que ao longe te mira espantado com tamanha beleza… Que te aconteceu? Para onde foste? Que ruas têm ainda o prazer de serem pisadas por ti, que vento ainda te faz esvoaçar o cabelo e a alma num arrepio; que mar te mira agora?
Olho o mar bravo, insinuante, ouço os seus gemidos de dor por não te ver ali ao meu lado, peito inchado de orgulho, medo de não mais te tocar os pés nus; olho a rocha onde sempre te sentavas, rias, balançavas para cá e para lá quando as ondas vinham, sento-me e deixo as ondas tocarem-me os pés nus… é salgado!
…e esta vontade de chorar sem medo, a vontade de te ver vir ao longe com as ondas, a vontade de não ter a certeza de que não mais virás…
… porque é salgado este sentimento cozinhado dentro da minha alma…
. façam de conta que eu não estive cá .