Existem dias em que sou tudo, e outros em que sou nada. Tenho um dia sortudo, e num outro sou uma desafortunada.
Com pesar no olhar, revejo a vida, sem chorar... Hoje faria de tudo, mas temo pensar.
Sento-me a oeste do oceano, e sinto as ondas embater na praia. Oiço o quebrar das folhas secas nos meus pés nus. A brisa macia que me percorre a espinha. A melodia harmoniosa do pássaro no seu galho. Esforço-me para que o silêncio que inunde agora a minha cabeça fique como está, seja apenas silêncio.
Todos os meus esforços para anular sensações seriam vitoriosos com minha intensa concentração, mas traí os meus sinais de dúvida, foi tudo em vão. Omiti-te tudo quanto estava a desejar, guardei para mim os momentos em que te via fraquejar. Fiquei muda quando te deveria inundar de barbaridades apaixonadas. E procurei razões abandonadas, para não te deixa escapar. Agora, nada de actos, nada de sensações. Esqueci-me o que era a dor de pensar, maior que a dor de ver que jamais me poderás amar.
As palavras caíram no vazio, e eu caí com elas...