Do Meu Caminhar
Ah, quanto de sonhar eu sonhei
Quanto de desejar eu desejei
Noites de eternidade eu vivi
Pensando em ti
Imaginando-te
Mais do que os meus olhos vendo
Via o teu passar sereno, mas concreto, vivo,
De carne e osso,
Corpo torneado feito divinal escultura.
Nesse dia senti tua presença
Que me foi dada por não sonhado acaso
Longe sonhada intenção
Na ingenuidade do Mestre
Que julgando castigar-me
Desvanecido me colocou a teu lado
A agigantar meu sonho
Tornando-o palpável, a habitar
O mundo dos meus sentidos concretos.
Senti meu ser projectar-se
Num mundo para mim novo
Infinitamente rico
Desmedidamente.
Entretanto intromete-se o tempo,
Esse das horas que não param
Implacável,
Bulldozer das etéreas coisas
Essas que as mãos não logram agarrar
Mas o tempo, apesar de muito
Não mata o sonho
Não o belisca tão pouco
Na minha força de sentir.
E porque assim foi
E porque assim é
Sinto ás vezes ganas de ser poeta
E é por via do sonho que logro sê-lo
E porque o sonho
É da vida a essência
O princípio, o devir.
Eu vivo ainda
E na vida creio