Sinto um bafo quente no pescoço, como se uma alma desempenada me seguisse de perto. Tão perto que me sinto rodeado duma halitose sobre-natural.
Sacudo as minhas penas de pavão na esperança de que o ritual, antigo quase morto, possa espantar tudo ao redor.
Dou por mim embaraçado e de bico murcho ao notar o despropositado da exibição.
Arriando a jiga em mim mesmo engulo os cheiros submisso.
A náusea inicial dá lugar a um pulsar que sinto vivo e a curiosidade acorda bem.
Algo me empurra para um sítio em que não queria estar mas tenho que enfrentar a paisagem de olhos abertos se quero ver nela alguma Real Beleza.
O suor afinal não era um inimigo mas um sinal de tempo quente.
O bafo quente impele-me a brisas mais frescas e talvez o medo fosse apenas expectativa.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.