Por vezes as letras não formam as palavras que queremos ou melhor, que devemos, pois é clássico o eterno conflito entre o Querer e Dever.
Por vezes a atracção reside nas diferenças: desejo / romance; vontade / dúvida; breve gostar / paixão; aventura / descoberta; ou simplesmente nos complementos (in)directos deste jogo de sedução em que nos inventamos...Vá-se lá saber porquê...Talvez porque ando sem rumo, porque medito demasiado, porque tento esquecer um desgosto, porque me perco e encontro nesse olhar cheio de promessas que jamais cumprirás, porque o teu colo tem sabor a paz, porque estou ávida de ternura, porque...
...Mas tento não cair na armadilha da qual sei de cor, o sabor triste de despedidas adiadas...
Até porque não sei viver de outra maneira: apaixonadamente um dia de cada vez, intensamente como se fosse o último, sem sustos, nem medos, a uma velocidade alucinante...
Por isso e por tantas outras coisas que, de se saberem se banalizam se as escrever, tento fugir neste paradoxo de só vou porque estou apaixonada e não quero apaixonar-me, assim não vou...
Percebes agora porque parece o meu discurso incoerente? Porque digo uma coisa com a boca, dizendo outra com o olhar? Porque não pareço convincente?
Não tem nada a ver com moral, pecado, sentimento de culpa...É uma defesa, a melhor que consigo para que não nos magoemos...
Claro que ainda sinto a magia de momentos especiais...claro que me atrais, claro que me apeteces. Mas talvez seja tempo de fazer o tal exercício de disciplina que sempre desprezei, eu que há pouco tempo descobri / aprendi que devemos seguir o coração...
Não sei do que preciso...
Talvez de um tempo de solidão para que me encontre,
talvez de um amigo que permaneça sem esperar nada em troca,
talvez do teu olhar quente em dias cinzentos de nevoeiro...
...Se soubesses as saudades que sinto, sem teres partido, se soubesses a falta que me fazes, mesmo quando estás...
Um beijo e muito de mim.
AnaMar