I
Desfaz-se o tempo em rotinas e vontades,
Em projectos e verdades,
Em desgostos que se alastram,
Em vestígios distorcidos,
De nascentes que encontramos.
E é sempre quando seca que
Tudo se tem que se agarrar,
Tudo o que faz fugir ,
E a verdade passa a estar
No fundo dum copo cheio do que se quer ser,
E a beata no chão que faz os olhos arder.
É a nova moda das crianças que ainda estão a aprender,
Como têm que estar e andar e beber,
E dançar e comer e falar e ouvir,
E sentar e sorrir para saber existir.
Só eu sei ver o sol nascer
Só eu sei ver o sol nascer
II
Desfaço-me em pedaços, em retratos em…
Mentiras que trocámos e abraçámos, sim,
Fugimos mas voltámos
E o que presta,
O que resta em nós…
Num fim de festa onde…
Todos sabemos quem somos
Ou quem não se quer lembrar,
Ou quem precisa de estar
Perdido noutro sonho.
A mesma noite, o mesmo copo,
O mesmo corpo, a mesma sede que não sabe secar,
Onde se encontra sem se procurar,
Onde se dança o que estiver a tocar.
Muito fumo, muito fogo, muito escuro
Quando somos o que queremos,
Quase somos o que queremos,
Quase fomos o que queremos,
Aaaaahhhhhhhh…
Só eu sei ver o sol nascer
Só eu sei ver o sol nascer...
Quase fomos o que queremos
Quase somos o que queremos
Quase...
A Poesia nao é de quem a escreve, mas sim de quem a usa" - Pablo Neruda