O ar húmido adoça a boca dos passantes e um sorriso timido teima escondido.
O vento abana uma palmeira que só precisa de espaco para ser.
As gotas de mil cores abencoam a todos sem excepção e até eu respiro o Bem.
A terra sempre pronta e o tempo sendo o melhor dos amigos.
Mastigando as mágoas do dia dou por mim inesperadamente equilibrado.
Equilibrado no fio duma navalha que não me preocupo em questionar.
Cortando, desbastando, afiando este corpo de tanto excesso no gume da Vida.
Encaro a pura violência do meu sangue e o espanto suplanta qualquer dor ou medo.
Nas escolhas mais duras reside o mais puro de mim e a esse ninguém deve escapar.
Mordendo os lábios para conter a fúria, refreio a pancada que se torna quase um carinho E sigo, vivendo, sempre, acreditando na realidade daquilo que quero mas ainda não vivo, vivendo, sempre, acreditando...
Trago o cantar dos rouxinóis escondido no peito e nunca nada me faltara.
Sei que como todos Aqui vou ser feliz, a pergunta insinua-se em mim e termino assim.
Mas será que estou eu dependente do lugar ou do cantar?
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.